Muitos pacientes diagnosticados com câncer ósseo enfrentam medos e incertezas sobre o que é seguro fazer durante o tratamento. Um receio comum é que o exercício possa causar mais danos aos ossos fragilizados, mas a verdade é que, com orientação adequada, o movimento pode ser um grande aliado.

Quando falamos em câncer ósseo, estamos falando de condições como osteossarcoma, condrossarcoma e também das metástases ósseas, frequentemente decorrentes de tumores na mama, no pulmão ou na próstata. A prática de exercícios supervisionados e adequados a cada caso pode promover bem-estar e até mesmo auxiliar na resposta ao tratamento.

É um grande mito que pacientes com câncer ósseo devam evitar qualquer tipo de atividade física. Na realidade, o fortalecimento muscular é essencial para sustentar a estrutura óssea e reduzir o risco de fraturas. Exercícios de baixo impacto, como pilates, yoga e caminhada leve, são frequentemente recomendados por fisioterapeutas e médicos, pois ajudam a preservar a mobilidade sem colocar carga excessiva nos ossos. A manutenção do tônus muscular também é vital para prevenir a perda de massa muscular que pode acontecer em tratamentos prolongados.

Um ponto importante é a melhora na circulação sanguínea promovida pela atividade física. Pacientes submetidos a tratamentos como quimioterapia ou radioterapia podem se beneficiar da maior oxigenação tecidual proporcionada pelo movimento. Isso auxilia na recuperação muscular e reduz sintomas como fadiga crônica. Além disso, o movimento desencadeia a liberação de endorfinas, que atuam como analgésicos naturais e promovem sensações de bem-estar, combatendo não apenas dores físicas, mas também o impacto emocional do tratamento. Nesse sentido, o exercício pode ser um aliado ao tratamento.

É fundamental, contudo, abordar os medos dos pacientes, como a possibilidade de fraturas ou o agravamento da condição óssea. São receios compreensíveis que podem ser cuidados com o suporte de uma equipe multidisciplinar. Um planejamento individualizado, com profissional experiente e que considere o tipo e a localização do tumor é essencial para garantir que os exercícios sejam seguros e eficazes. Por exemplo, pacientes com metástases na coluna devem evitar atividades de alto impacto ou levantamento de peso excessivo, focando em exercícios de estabilização e alongamento.

Além disso, é importante desmistificar a ideia de que o exercício pode atrapalhar os efeitos do tratamento. Estudos mostram que a prática regular, mesmo em intensidade moderada, pode melhorar a resposta imunológica e reduzir os efeitos colaterais da terapia oncológica. Isso significa que o movimento não é apenas seguro, mas também benéfico para o corpo em um momento tão desafiador.

Incorporar exercícios na rotina durante o tratamento de câncer ósseo não é apenas uma questão de força física, mas também de superação emocional. A cada passo dado ou movimento realizado, o paciente redescobre sua capacidade de enfrentar desafios e resgatar sua qualidade de vida. O importante é respeitar os limites do corpo e contar sempre com o acompanhamento de profissionais especializados, que transformarão o medo em confiança e o movimento em um caminho para a recuperação.


Dr. José Carlos Barbi – CRM 32705