Com o avanço das abordagens terapêuticas e o aumento da eficácia dos medicamentos, a sobrevida de pacientes com câncer tem aumentado muito. o diagnóstico precoce, no entanto, é fundamental para facilitar o prognóstico dos tumores ósseos e ampliar a possibilidade de sucesso no tratamento. Neste artigo vamos conversar sobre fatores que colaboram para a detecção precoce de um tumor ósseo.

O primeiro ponto de atenção são os sinais e os sintomas que os tumores podem gerar. Os sinais clínicos iniciais podem ser a dor e o aumento de volume no local. Em alguns tumores, essa dor pode ser discreta ou nem aparecer. Em outros, pode se exacerbar com o aumento do tamanho do tumor, que acaba comprimindo outras estruturas ao redor. Essa dor não piora com o exercício e inicialmente melhora com o uso de um analgésico.

Outros sintomas podem estar associados. No caso do tumor de Ewing, por exemplo, além da dor na área do tumor, o nódulo pode estar mais quente que o resto do corpo e a criança pode apresentar febre ou mal-estar. Um ponto importante para ressaltar é que crianças e adolescentes muitas vezes sentem dor e apresentam nódulos ou inchaços devido a suas atividades recreativas e esportivas. Mas dores e nódulos que não desaparecem devem ser investigados por um especialista.

Uma vez que existe suspeita, o recomendado é buscar um especialista para avaliar o caso. A história clínica, a localização do tumor e a idade do paciente são informações importantes. Nesse sentido, é importante que o ortopedista, o clínico geral ou o pediatra, que normalmente têm o primeiro contato com o paciente, tenham em mente a necessidade do diagnóstico diferencial em dores leves e moderadas do sistema músculoesquelético, que vêm acompanhadas de imagem radiológica suspeita.

O segundo passo nessa investigação são os exames de imagem. Por meio da radiografia simples é possível detectar anormalidades ósseas e avaliar se a lesão é benigna ou maligna e outras características. Outros exames que podem ser necessários são a tomografia computadorizada, para avaliar a estrutura do osso e seus limites, a ressonância magnética e a cintilografia, para avaliar o metabolismo ósseo, fazendo o rastreamento local e na totalidade do esqueleto.

Os exames de imagem devem ser realizados, se possível, antes da biópsia para que um eventual hematoma cirúrgico não provoque alterações anatômicas. A biópsia óssea, que pode ser percutânea ou aberta, deve ser realizada pelo cirurgião já com diagnóstico provável formulado.

Além disso, alguns exames laboratoriais são também necessários para um estadiamento, como por exemplo: imunoglobulinas, CEA (carcinomas), fosfatase alcalina (aumentada no osteossarcoma, doença de Paget), hemograma (pode estar alterado no sarcoma de Ewing) e outros.

O mais importante recado que sempre dou por aqui é: não negligencie ou ignore a dor. Ela é o principal sinal que nos ajuda a detectar o tumor de forma precoce.


Dr. José Carlos Barbi – CRM 32705