O câncer de mama representa cerca de 25% de todos os casos de câncer que afetam o sexo feminino. Além do impacto na própria paciente, outras pessoas também precisam de acolhimento neste momento difícil da descoberta. O estigma que a doença carrega costuma deixar as famílias fragilizadas, abalando o emocional e as relações.

É natural que um diagnóstico como esse ocasione crises e deixe todos desorganizados mental e emocionalmente. É quando surgem a sensação de impotência, as limitações, as frustrações e o medo da perda.

No entanto, os vínculos familiares são de extrema importância para a paciente em um momento como esse, em que muitas vezes ele sente ansiedade e depressão. A família e os amigos mais próximos são capazes de garantir o acolhimento e a adesão ao tratamento proposto pela equipe médica.

E quem acolhe a família neste momento? O momento em que todos ficam sabendo do diagnóstico é quando as pessoas mais precisam de acolhimento e escuta. Os profissionais que acompanham o caso precisam então assumir um papel tranquilizador, de forma segura, possibilitando que todos expressem sua angústia, sem julgamentos. A verdade e a honestidade também devem prevalecer, para que todos estejam cientes do processo e lidem com a realidade da melhor maneira. Com essas informações claras, a paciente e a família tendem a colaborar e aceitar melhor as consequências do tratamento.

Dentro da vulnerabilidade que o câncer impõe, também é importante considerar a rotina da família, quem é o provedor da casa, qual a rede de apoio e de cuidados que a paciente tem; afinal, todo o processo de rotina hospitalar, encaminhamentos internos e externos são providências que deverão ser tomadas com a ajuda de alguém próximo.

O medo da morte não deve ser um assunto tabu. É preciso esclarecer o real prognóstico da doença e estar atento para que uma visão muito ameaçadora da enfermidade não gere ainda mais ansiedade. Um caminho é orientar o paciente e a família para que busquem informações sérias e baseadas na ciência, e não em sites aleatórios da internet.

Embora algumas vezes as famílias declarem que se tornaram mais unidas depois que ficaram sabendo do diagnóstico, não devemos negligenciar o sofrimento que isso causa.

É necessário ter uma visão mais ampla com relação ao paciente, como um indivíduo que deve ser contextualizado dentro da família e dos seus círculos de amizade e trabalho. A família é uma aliada no decorrer do tratamento, funcionando como um suporte e sendo uma grande fonte de proteção e cuidado.


Dr. José Carlos Barbi – CRM 32705